sábado, 28 de novembro de 2009
O que se aprende em uma noite
Olhando a tal estrela, me veio um pensamento que guardo desde criança: “Meus olhos são incríveis, conseguem enxergar estrelas à quilômetros e quilômetros de distância.” Ri sozinho.
E depois, pensando, vi a lição que se tira desse detalhe do dia a dia: é claro que não vemos as estrelas porque nossos olhos são poderosos. Na verdade, as estrelas é que são absurdamente enormes, tão grandes a ponto de uma distância de anos-luz não impedir nossa fraca visão de avistá-las.
Quantas vezes fazemos isso: nos colocamos no centro do universo, achando que tudo e todos gravitam ao nosso redor. Inclusive Deus.
Não caia nesse erro. Somos pontinhos a vagar no meio de um planetinha errante pelo universo. E mesmo assim (não me pergunte o porquê) Deus lutou por nós, trazendo dor e angustia para si próprio em nosso favor. E é nisso que temos o nosso valor, em um sacrifício que nem nosso foi.
Aliás, se esquecer disso é um problema para a fé cristã, porque nos induz a desvalorizar o sacrifício pelo qual temos a vida eterna garantida. Então lá vai um balde de água fria bem saudável: desça do salto, você não é ninguém sem Deus.
sábado, 3 de outubro de 2009
Eu, Judas
Mas não nos culpe! Afinal, ele foi capaz de condenar à morte o próprio Deus encarnado. Foi capaz de trair o melhor dos homens em troca de 20 moedas (de prata!) e assim interromper um ministério que em 3 anos mudou a humanidade para sempre.
Se você se reconheceu no parágrafo acima, aperte minha mão. Eu também leio, esboço um sorriso leve e posso ir dormir com a consciência tranqüila sabendo que a justiça está sendo feita. De fato, me preocupo com a justiça. Me preocupo com a justiça mais do que Deus. Não se escandalize ainda, eu explico:
Nesta semana eu pequei. Algumas vezes. Umas eu sabia o que estava fazendo e ignorei a voz sensível que dizia “ não faça! ” outras vezes só fui perceber no que tinha me envolvido depois. Não importa, pequei. Não matei, roubei ou idolatrei ninguém, mas foi errado. Traí a promessa que um dia fiz a Deus entregando-lhe a minha vida, dando-lhe total controle por ela.
Ops, que palavra está ali? Sim, isso mesmo: trair, “Deixar deliberadamente de cumprir; faltar ao cumprimento” segundo o dicionário. Meu Deus, eu te traí, igualzinho à Judas! É claro que eu tento limpar meu nome dando diferentes pesos para cada pecado, mas convenhamos que para um Deus santo, qualquer mancha há de ser considerada.
Veja minha situação: há quilômetros e quilômetros de distância entre eu e Deus por tudo o que eu já fiz. Nada mais justo, concordo... se bem que agora a justiça já não me parece tão boa assim.
E é aí que entra o amor de Deus, representado pela mais bela das palavras: “graça”. A graça é amor, é misericórdia. A graça é a limitação do poder de Deus em prol dos seus filhos, que como eu andam por caminhos tortuosos. A graça tem uma pitada de injustiça, é verdade: por que raios o mal não é devidamente punido?! Talvez para me lembrar que eu, o pior dos pecadores, não posso apontar o dedo para ninguém e clamar por justiça divina. A graça é um escândalo, eu concordo. Mas é o escândalo que me salvou e me resgata quase que diariamente para os braços do Pai. A graça é irônica, e por assim dizer [perdão pelo trocadilho]até engraçada.
Obrigado, Deus, pela graça!
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
O fim de semana mais importante da história
ouviu-se o lamento do céu
e a risada infernal.
O mundo só silenciou,
sabendo que coisa grande acontecia.
O Diabo, todo prosa,
recebia os parabéns e cumprimentos.
Era levado nos braços do povo,
como o grande campeão do mundo.
Foi quando um diabinho dos mais espertos
levantou a mão e perguntou:
"Se ele carregava os pecados do mundo e morreu,
não é pra cá que ele vem?"
O riso agora era um riso nervoso,
riso de quem comemora antes da hora.
Corre-corre na festa:
procuravam as chaves do inferno.
As chaves já balançavam em mãos estranhas.
Era o convidado esquecido, que dizia:
"Já vou lhe adiantando que estas portas
não vão vencer os meus!"
O diabo fugia com o rabo entre as pernas.
Jesus saía com ar de vencedor.
Deus ostentava um largo sorriso.
Tudo estava novamente no lugar.
Diogo
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Uma tarde
Enquanto a pipa corria, serpenteava.
As nuvens também estavam lá,
fazendo coro com aqueles bichinhos
que nós nem conhecíamos.
O cajueiro do quintal vizinho
olhava tudo aquilo orgulhoso.
Afinal, há uns vinte anos
aquela sinfonia nunca desafinava.
Deixou escapar um sorriso, coisa rara.
O avião passava ao longe,
com aquele ar de pressa e prazos.
Ignorava tudo olhando as hélices,
que giravam, giravam e giravam,
lembrando seu relógio prateado.
Pouco a pouco as janelas acendiam.
O pai chegava cheirando logo o café
e as crianças... as crianças só riam:
mamãe acudia vovó,
que se aborrecia com os mosquitos.
Os pássaros já calavam;
a pipa descia devagar.
O sol, com um longo bocejo,
cumprimentava a lua,
a preferida dos apaixonados.
Eu, como meu amigo cajueiro,
Olhava todas as coisas
E escrevia estes versos.
Agradecendo a Deus
Mais uma tarde de vida.
Diogo
terça-feira, 11 de agosto de 2009
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - Parte 3
Então só me resta isso: sair do volante e entregá-lo à Deus, colocando a minha vida e todos os meus projetos em Seu altar. E aí está o grande trunfo de Deus!
Ao abrir mão do controle do nosso Eu, corremos o sério risco de pensar que a vida “sob nova direção” será um fardo; algo cansativo, chato e muito longe da felicidade que almejamos. Como eu já li em um bonito testemunho: “[Submeter-me à Cristo] parecia o modo mais rápido de estragar uma boa vida.” Isso só acontece (adivinhem!) por causa da nossa fraca visão, ou melhor, da nossa total cegueira quanto ao futuro.
Esquecemos que o Deus que agora controla nossa vida é o mesmo que combinou características únicas, personalidade, gostos, virtudes e defeitos para formar este ser sem igual: você. E sendo seu criador, é bem provável que a maioria dos seus sonhos também tenham sido criados por Ele. Não estou falando daqueles sonhos egoístas, que visam o próprio umbigo. Portanto, deixe a Ferrari em segundo plano; Deus tem outras prioridades para você.
Afastando-me da suja teologia das riquezas, falo dos sonhos naturais do ser humano: saber o porquê de ter sido criado, o que Deus espera dele; saber que o homem não está preso aos setenta, talvez oitenta anos que viverá; ter certeza que embora a vida possa ser boa, ela não se compara à eternidade, reservada para ele; provar de um grande amor, e aproveitar desta dádiva por longos anos; ver sua descendência seguindo os seus caminhos; e, é claro, cultivar intimidade com o responsável por tudo isso, Deus.
Para mim, esta é a real felicidade. Muito longe do que a mídia e a maioria das pessoas pintam como felicidade, muito perto do que Deus reservou para cada um dos seus.
Nossa! Sem Deus, quanta bobagem eu faria com a minha vida! E pior, achando estar fazendo um grande serviço e só perceber que meti os pés pelas mãos quando fosse tarde demais. Pensando assim, eu só posso agradecer:
Obrigado, Deus, por ter tirado o controle da minha vida das minhas mãos. Obrigado por não se render ao meu choro quando eu queria minha vida de volta. Obrigado por não desistir de mim quando eu duvidei dos seus planos e do seu amor. Obrigado, Deus !
Até breve !
domingo, 26 de julho de 2009
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - Parte 2
Com certa frequência me vejo cara a cara com esta frase e devo confessar que nem sempre é fácil convencer-me dela.
Isso tem tudo a ver com a questão da fé, a qual venho abordando. E um dos mais valiosos ensinamentos que obtive compartilho agora:
Aprendi a confiar em Deus: não nas suas ações, mas no seu caráter. Deixe-me explicar: se observarmos com mais atenção, veremos que o agir de Deus não pode ser enquadrado em nenhum padrão humano, não pode ser definido ou especulado. Conhecemos histórias de servos de Deus doentes que foram sarados milagrosamente e outros, que morreram; uns que escaparam das mãos de governos sangrentos e outros, que viraram mártires; uns bem-sucedidos e outros, à beira da falência. Sinceramente, não sugiro a ninguém montar uma tabela para saber como Deus age em cada situação.
Antes, tenho visto que umas das poucas certezas nas quais devemos nos agarrar é "A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável.". Fora isso, tudo pode mudar.
Quando penso nisso, lembro-me de Moisés, aclamado como um dos maiores profetas. Sempre achei um exagero da parte de Deus não deixar aquele que tinha guiado o teimoso povo hebreu por muitos anos de entrar na Terra Prometida. Parecia-me arbitrário e injusto, totalmente contrário à tudo o que eu sabia sobre Deus. Sem falar na certa dose de sadismo em mostrar-lhe Canaã e fazer-lhe morrer às vésperas da entrada na tão aguardada cidade. Mas eu pensava assim por causa da minha visão humana, sempre restrita e, por vezes, falha.
Eu percebi que introduzira na história, mesmo sem perceber, uma noção de morte que nem mesmo acredito, uma morte que dá fim à tudo, a morte "game-over". Longe disso, a morte pra mim sempre foi mais o "começo da eternidade" do que o "fim da vida". E sendo assim, percebi o grande negócio que Moisés, mesmo sem querer, estava fazendo: trocando toda dor, choro, tristeza e cansaço pela sua tão esperada entrada no céu, onde Canaã tinha agora status de país subdesenvolvido em guerra, da qual ele próprio era um feliz refugiado.
Lembro-me que quando entendi isso senti alegria, liberdade e paz que poucas vezes tinha experimetado. Alegria, liberdade e paz que eram frutos diretos na confiança na boa, perfeita e agradável vontade divina.
Até a próxima !
quarta-feira, 15 de julho de 2009
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - Parte 1
Nunca antes me vi tão vulnerável.
E é esse o único motivo pelo qual percebi a intensidade do que é viver pela fé, não se guiando por circunstâncias, aparências ou opiniões, mas tendo apenas os planos de Deus como norte. Tendo um "firme fundamento" no que é invisível.
Confesso que ainda não alcancei tanta fé, mas tenho dado passos importantes. O primeiro deles compartilho agora:
Descobri meu tamanho. Descobri que meus planos e desejos podem ser facilmente mudados, como se Deus os desprezasse. Como se Deus traísse seu caráter, sua bondade cantada há séculos. "Como pode um Deus de amor fazer ou permitir isso ?!"
Convivi com essa questão por alguns dias, e com o tempo pude enxergar mais longe: lembrei de todas as vezes quando eu, ainda criança, não entendia como minha mãe poderia jurar que era por amor que eu estava de castigo; que era por amor que não tinhamos pizza e refrigerante no cardápio todos os dias. Definitivamente, na mente de uma criança, "amor" não tem nada a ver com olhar fixamente para a parede como castigo ou trocar a pizza por vagem ou beterraba.
Então eu me vi claramente como aquela criança, não mais questionando o amor da minha mãe por causa da comida, mas desacreditando do amor do próprio Deus por causa do que me acontecia.
Hoje eu vejo o impacto que uma possível omissão da minha mãe teria sobre minha criação. E só posso agradece-la pelos merecidos castigos e pelos tão desprezados legumes.
Relembrar a infância não tirou nem um pouquinho da mal-estar de ver o meu futuro fora do meu controle, mas me fez pensar que mesmo não vendo imediatamente seus desdobramentos, os planos de Deus devem ser melhores que os meus.
Venho aprendendo ainda outras coisas, que em breve escreverei aqui. Até lá !
Diogo